Ano Litúrgico
O Ano Litúrgico é o “Calendário religioso”. Contém as datas dos acontecimentos da História da Salvação. Não coincide com o ano civil, que começa no dia 1 de Janeiro e termina no dia 31 de Dezembro.
O Ano Litúrgico começa e termina quatro semanas antes do Natal. Tem como base as fases da lua. Compõe-se de dois grandes ciclos: o Natal e a Páscoa. São como dois pólos em torno dos quais gira todo o Ano Litúrgico.
O Natal tem um tempo de preparação, que é o Advento; e a Páscoa tem também um tempo de preparação, que é a Quaresma. Ao lado do Natal e da Páscoa estão dois períodos longos, que no seu conjunto prefazem aproximadamente 34 semanas, chamados de Tempo Comum.
O Ano Litúrgico começa com o Primeiro Domingo do Advento e termina com o último sábado do Tempo Comum (a Festa de Cristo Rei), que é na véspera do Primeiro Domingo do Advento.
A sequência dos diversos “tempos” do Ano Litúrgico é a seguinte:
Ciclo do Natal
Advento
Início: 4 Domingos antes do Natal;
Termina: 24 de Dezembro à tarde;
Espiritualidade: Esperança e Purificação da vida;
Ensinamento: Anúncio da vinda do Messias;
Cor: Rôxo;
Natal
Início: 25 de Dezembro;
Termina: Na festa do Baptismo de Jesus;
Espiritualidade: Fé, alegria e acolhimento;
Ensinamento: O Filho doe Deus se fez homem;
Cor: Branco;
Tempo Comum (1ª parte)
Início: 2ª Feira após o Baptismo de Jesus;
Termina: Véspera da 4ª feira das cinzas;
Espiritualidade: Esperança e escuta da palavra;
Ensinamento: Anúncio do Reino de Deus;
Cor: Verde;
Ciclo da Páscoa
Quaresma
Início: 4ª Feira de Cinzas;
Termina: 4ª Feira da Semana Santa;
Espiritualidade: Penitência e Conversão;
Ensinamento: A misericórdia de Deus;
Cor: Rôxo;
Páscoa
Início: 5ª Feira Santa (Tríduo Pascal);
Termina: Pentecostes;
Espiritualidade: Alegria em Cristo Ressuscitado;
Ensinamento: Ressurreição e vida eterna;
Cor: Branco;
Tempo Comum (2ª parte)
Início: 2ª Feira após o Pentecostes;
Termina; Véspera do 1º Domingo do Advento – Festa de Cristo Rei;
Espiritualidade: Vivência do Reino de Deus;
Ensinamento: Os cristãos são sinal do Reino;
Cor: Verde;
Ritos Litúrgicos
A Igreja estabeleceu, para o Rito romano, uma sequência de leituras bíblicas que se repetem a cada três anos, nos domingos e nas solenidades. As leituras desses dias são divididas em ano A, B e C. No ano A lêem-se as leituras do Evangelho de São Mateus; no ano B, o de São Marcos e no ano C, o de São Lucas. Já o Evangelho de São João é reservado para as ocasiões especiais, principalmente as grandes Festas e Solenidades.
Nos dias da semana do Tempo Comum, há leituras diferentes para os anos pares e para os anos ímpares, tirando o Evangelho, que se repete de ano a ano. Deste modo, os católicos, de três em três anos, se acompanharem a liturgia diária, terão lido quase toda a Bíblia.
Cálculo do actual ano litúrgico
O Ano Litúrgico passa por três ciclos, também chamados de anos A, B, C.
Cada ano tem uma sequência de leituras próprias, ou seja, leituras para o ano A, ano B e para o ano C. Para saber de que ciclo é um determinado ano, parte-se deste princípio: os anos que são múltiplos de 3 são do ciclo C.
Para saber se um número é múltiplo de 3, basta somar todos os algarismos, e se o resultado for múltiplo de 3, o número também o é.
Exemplo:
– 1998 é 1+9+9+8 = 27 (é múltiplo de três) logo é ano C
– 1999 é 1 + 9 + 9 + 9 = 28 (27+1) = ano A
– 2000 é 2+0+0+0 = 2 = ano B
– 2001 é 2+0+0+1 = 3 = ano C
– 2002 é 2+0+0+2 = 4 (3+1) = Ano A
…
– 2017 é 2+0+1+7 = 10 (9+1) = Ano A
Outras Curiosidades
Como certamente já reparaste, o dia de Páscoa e consequentemente muitos outros dias, é celebrado em dias diferentes ano após ano. Sabes a razão de tal acontecer?
Para quem não sabe, aqui fica a explicação:
O Dia da Páscoa, é o primeiro Domingo após a lua cheia que ocorre após o equinócio de Verão, e pode ocorrer entre os dias 22 de Março e 25 de Abril. Bastante simples, não concordas?
A partir do Domingo de Páscoa calculam-se mais uns quantos dias de festa; a Quarta-feira de Cinzas (início da Quaresma -40 dias-) será 46 dias antes do Domingo de Páscoa, precedida da terça-feira de carnaval.
O carnaval (ou algo similar) é uma festa que teve origem na Grécia em meados dos anos 600 a 520 a.C.. A festa foi adotada pela Igreja Católica em 590 d.C., como o dia do “adeus à carne” ou do latim “carne vale” dando origem ao termo “carnaval”. Dado o facto da Quaresma ser um período de jejum e penitência, o carnaval era uma espécie de despedida do mundano.
Dependentes do dia de Páscoa estão ainda; o Dia da Ascensão, numa quinta-feira, 39 dias depois; o Domingo de Pentecostes, 49 dias depois; o Corpo de Deus, numa quinta-feira, 60 dias depois.
Missa
O termo “Missa” vem de missão, uma vez que, para os primeiros cristãos e para os cristãos católicos e ortodoxos, o culto prestado a Deus é a vida em Acção de Graças.
A Santa Missa, ou Celebração Eucarística, é o acto solene com que os católicos (romanos, coptas e ortodoxos) celebram o sacrifício de Jesus Cristo na cruz. O ritual da Missa revive dois momentos da Paixão de Cristo:
A Última Ceia, quando Jesus celebra o Pessach, pronunciando a benção sobre o pão e o vinho, antecipando o seu sacrifício da Cruz e concretizando o desejo de perpetuar a sua presença junto dos discípulos;
E a Crucificação quando Jesus se oferece como cordeiro puro e imaculado para o sacrifício expiatório dos pecados de toda a humanidade, selando a Nova Criação.
Os momentos
A Missa tem dois grandes momentos, a Liturgia da Palavra e a Liturgia Eucarística, precedidos pelos Ritos iniciais e seguidos pelos Ritos de conclusão.
Ritos iniciais
Reunida a assembleia que vai participar na missa, o presidente da celebração (por norma um Sacerdote) dirige-se para o presbitério com os outros ministros e acólitos. Saúda o altar com uma vénia, inicia a Missa com o Sinal da Cruz e saúda todos os presentes.
Segue-se o acto penitencial, em que todos os participantes pedem a Deus o perdão pelos seus pecados, para melhor celebrarem a Eucaristia. Para isso, utiliza-se a Confissão ou outro texto. Segue-se o Kyrie, tríplice invocação a Cristo.
Nos Domingos (excepto no Advento e na Quaresma), solenidades e festas, reza-se ou canta-se o Hino de Louvor (Glória a Deus nas alturas).
Por fim, o Sacerdote convida todos à oração dizendo Oremos e diz a ‘oração coleta’.
Liturgia da Palavra
A Liturgia da Palavra centra-se na proclamação, escuta e meditação da Palavra de Deus contida na Bíblia. Apresenta a seguinte estrutura, nos Domingos e nas solenidades:
Primeira Leitura
Leitura do Antigo Testamento (no Tempo Pascal, dos Actos dos Apóstolos).
Salmo Responsorial
Versículos dum Salmo intercalados por um refrão, dito por todos.
Segunda Leitura
Leitura do Novo Testamento.
Aclamação ao Evangelho: Aleluia (ou outro texto, na Quaresma).
Leitura do Evangelho
Homilia
Profissão de fé
Por intermédio da recitação do Credo
Oração dos fiéis
Também chamada Oração universal ou Preces dos Irmãos.
Liturgia Eucarística
É a parte mais importante da Missa, do ponto de vista litúrgico, pois contém a sua parte central, a Consagração (oferta e Comunhão do Pão e do Vinho). Onde o pão e vinho, segundo a fé católica, se tornam o Corpo e Sangue de Jesus Cristo.
Ofertório
Após a Oração dos fiéis, são trazidos ao altar o Pão e o Vinho, podendo ser também trazidas ofertas para a Igreja ou para os necessitados.
Tomando o pão e depois o vinho, o Sacerdote apresenta-os a Deus, dando graças por esses dons. Pede a Deus a purificação, pelo acto simbólico de lavar as mãos. Por fim, pede a oração de todos para a acção que se vai seguir e proclama a oração sobre as oblatas.
Prefácio
O Sacerdote diz então o Prefácio, que começa com um diálogo entre o próprio e a assembleia. Segue-se o texto do prefácio, variável, que é uma oração de Acção de Graças, terminando com a aclamação Sanctus, cantada ou proclamada por todos.
Oração Eucarística
Segue-se a parte central da Missa, a Oração Eucarística, também chamada Cânon ou Anáfora. Em todos os ritos há diversos textos aprovados para este momento.
Após umas palavras de ligação mais ou menos longas (chamadas Post Sanctus ou Vere Sanctus), o Sacerdote invoca o Espírito Santo sobre o Pão e o Vinho, pedindo que Ele os transforme no Corpo e Sangue de Cristo, momento conhecido por Epiclese ou Transubstanciação.
É então o momento da Consagração, em que o Sacerdote reproduz as palavras e os gestos de Jesus na Última Ceia. Segundo a fé da Igreja, neste momento Cristo torna-se realmente presente no Pão e no Vinho. O Sacerdote eleva cada um dos dons para adoração dos fiéis, adora ele mesmo e no fim todos aclamam.
Segue-se a Anamnese, memória dos acontecimentos da Salvação (nomeadamente a Paixão, Morte, Ressurreição e Glorificação de Cristo) e a Oblação, oferta do Corpo e Sangue de Cristo como sacrifício de Salvação, à semelhança do sacrifício da Cruz.
Após diversas intercessões pela Igreja (pedindo também pelo Papa, pelo bispo local e por todos os que a servem), pelos defuntos e pelos vivos, fazendo ainda memória da Virgem Maria, dos Apóstolos e dos santos, a Oração Eucarística termina dando glória a Deus, através da chamada Doxologia final.
Rito da Comunhão
O Sacerdote introduz o Pai Nosso, que todos rezam em conjunto, mas sem o Ámen no final da oração, pois o Sacerdote continua com o chamado embolismo e, então, todos concluem com o Ámen.
Segue-se a oração pela Paz, o Sacerdote deseja a paz a todos os presentes e, se as circunstâncias o aconselharem, os participantes trocam entre si o gesto da Paz.
O Sacerdote parte o pão consagrado, enquanto todos cantam ou recitam o Cordeiro de Deus. Por fim, tomando o Pão e o Vinho, apresenta-os aos fiéis, e todos confessam a sua predisposição para o pecado, mas igualmente a confiança na Misericórdia de Deus.
O Sacerdote toma então o Pão consagrado e o Cálice, e distribui-os de seguida aos presentes, podendo para isso ser ajudado por um presbítero ou diácono, ou por um leigo para isso habilitado.
Os fiéis comungam a Hóstia ou, se o momento for propício, a Hóstia e o Vinho.
Quando todos tiverem comungado, os objectos utilizados são limpos e arrumados. Seguindo-se um cântico e/ou um tempo de silêncio em Acção de graças.
O Rito da Comunhão é concluído com a oração depois da Comunhão.
Ritos de conclusão
Seguem-se, se for necessário, avisos aos fiéis.
Por fim, o Sacerdote invoca sobre todos a bênção de Deus e despede-se da assembleia.