São Francisco de Assis
Patrono dos Lobitos do CNE e da Alcateia 98
Em 1182, na cidade de Assis, em Itália, uma senhora chamada Pica deu à luz um rapaz e decidiu chamar-lhe João. O marido, quando voltou de uma viagem de negócios não gostou muito daquele nome e decidiu chamar-lhe Francisco como homenagem a França.
Os pais de Francisco viviam muito bem, não eram nobres mas eram importantes comerciantes de tecidos. Assim, Francisco teve uma infância boa e muito alegre.
Quando era jovem era o Rei da Juventude, cantava e tocava em todas as festas da cidade e tinha muitos amigos. Era muito bom e quando alguém lhe pedia esmola ele não negava nunca ajuda, mas tinha o sonho de ser um grande Cavaleiro.
Quando Francisco tinha 20 anos, rebentou a guerra entre Assis e Perusa, uma outra cidade italiana, ele foi combater ao lado das tropas da sua cidade e foi feito preso, voltou a casa doente e nunca mais teve a mesma alegria.
Um dia, na estrada de Espoleto, ouviu uma voz misteriosa que lhe perguntou:
“Francisco o que é melhor? Servir a Deus ou ao Criado?”
Francisco respondeu: “Servir o Senhor!”
E a voz tornou a perguntar:
Então, porque serves o Criado?”
Percebendou que era Deus quem lhe falava, ajoelhou-se e perguntou:
“Senhor, que queres que eu faça?”
Deus disse-lhe:
“Volta a Assis, lá te direi o que quero de ti”
Em Assis havia uma linda capela em ruínas, a Capela de S. Damião, Francisco ia lá muitas vezes rezar ao pé do cruxifixo e um dia Deus tornou a falar-lhe:
“Vai Francisco e recontroi a minha Igreja que está em perigo de ruína.”
Pensando que Deus queria que reconstruísse aquele templo, Francisco decidiu reconstruir a Capela de S. Damião.
Um dia passou por um homem doente, um leproso. A lepra era uma terrível doença sem cura e muito contagiosa, ninguém se aproximava dos leprosos. O leproso olhou para Francisco e pediu-lhe esmola, cheio de pena do homem, ele desceu do cavalo e abraçou-o e em vez de ter medo, sentiu uma enorme alegria no seu coração.
Um dia, na missa, ouviu as palavras do Evangelho, “Ide pelo mundo e anunciai o reino de Deus. Não leveis nada para o caminho, nem bolsa, nem cajado…” e julgou que eram para si.
Quando voltou a casa, repartiu todos os tecidos da loja e dinheiro pelos pobres. O seu pai ficou muito zangado e disse-lhe que tinha que lhe devolver tudo. Francisco despiu a roupa que tinha e disse ao pai que a partir daquele momento não mais lhe chamaria pai. A partir dali seria somente filho do Pai que está no Céu, de Deus.
Ao verem Francisco nú, os servos do Bispo deram-lhe um manto para se cobrir. Durante muito tempo, andou por toda a Itália a espalhar a palavra de Deus e juntou muitos amigos que deixavam tudo o que tinham para seguirem com ele. Francisco e os seus amigos viviam do que lhes davam e passavam a sua vida a falar sobre Deus e Jesus e a cantar cânticos de louvor, dormindo ao ar livre ou em cabanas.
Francisco queria que ele e os seus companheiros fossem pobres e simples, que se parecessem com Jesus e passaram a chamar-se Frades Menores e saudavam-se com as palavras “Paz e Bem”.
Quando já eram muitos, Francisco decidiu ir a Roma pedir autorização ao Papa para criar uma nova ordem, mas o Papa Inocêncio III julgou que a ordem tinha regras muito duras. Nessa noite o Papa sonhou que a Basilica de S. Pedro estava a ruir e que era Francisco quem a sustentava aos ombros, de manhã mandou chamá-lo, ajoelhou-se aos pés dele e peritiu que se fizesse a nova ordem, a Ordem dos Frades Menores.
Numa noite de Natal, Francisco representou o Presépio na cidade de Greccio, enquanto cantavam apareceu um bebé na mangedoura e, a partir desse Natal, todos começaram a representar-se presépios em todo o mundo e em todas as casas.
Perto de Assis, em Gúbio, havia um lobo que atacava a população e quando Francisco chegou à cidade todos se qeixaram do Lobo e disseram-lhe que o queriam matar. Francisco foi até à montanha e falou com o lobo e a partir desse dia a população dava de comer ao animal e o animal tornou-se meigo e carinhoso e nunca mais atacou ninguém.
Ao fim de alguns anos, Clara de Assis foi ter com Francisco e disse-lhe que se queria juntar a ele e à sua causa de adoração a Deus. Francisco cortou-lhe o cabelo e Clara tornou-se Mãe Espiritual de todas as jovens que quiseram juntar-se a eles nascendo, assim, a Ordem das Clarissas.
Francisco adorava todas as criaturas porque considerava todos de irmãos, para Francsco todos os animais eram filhos de Deus e, por isso, seus irmãos. Um dia Francisco estava a rezar e apareceu-lhe um anjo envolvido numa luzmuito intensa, depois de desaparecer Francisco reparou que tinha feridas nas mãos e nos pés, eram as Chagas de Cristo (as feridas de Jesus).
Aos 45 anos de idade, no dia 3 de Outubro de 1225, Francisco doente e quase cego pediu aos seus amigos para o deitarem sobre a terra nua e, ao som do cântico das criaturas, morreu e de todo o lado vieram pássaros e pousaram junto dele.
São Tiago
Patrono dos Exploradores do CNE
Tiago, Maior, era filho de Zebedeu e de Salomé, uma das mulheres que seguiam Jesus na sua pregação, que O acompanharam até à cruz e, na manhã da Ressurreição, acorreram para O ungir.
S. Tiago e seu irmão João, os Boanerges ou filhos do trovão, foram chamados por Jesus quando estavam com o seu pai Zebedeu, consertando as redes, nas margens do mar da Galileia. S. Tiago tinha um carácter muito resoluto e generoso. Quando o Senhor o chamou não duvidou e deixou tudo. Mas também era extremista: quando os samaritanos não quiseram receber Jesus, irritados, Tiago e João pretendiam que descesse fogo do céu e acabasse com eles. Outra vez deixaram-se levar pela ambição: apresentaram-se com a mãe Salomé para Lhe pedir os primeiros lugares, quando restaurasse o reino de David.
Mas tudo isto não foi obstáculo para que Jesus desse aos dois irmãos, juntamente com Pedro, provas especiais de apreço: os três, sozinhos, foram testemunhas da Transfiguração de Jesus no Tabor, presenciaram a ressurreição da filha de Jairo e assistiram à agonia de Jesus no Getsémani.
Duas missões principais cumpriram Tiago: primeiro levou o Evangelho até Espanha (às regiões Tarraconense, Bética e Lusitana); depois regressou a Jerusalém sendo o primeiro dos apóstolos a derramar o seu sangue por Cristo, pois Herodes Agripa, tendo recebido o reino do imperador Calígula e para se reconciliar com os judeus, mandou degolar Tiago, irmão de João.
Chamado por Cristo, S. Tiago, Apóstolo, viu concretizadas as promessas de Deus ao seu Povo, ao testemunhar o poder da Ressurreição de Cristo. A partir daí, fortalecido pelo Espírito Santo, S. Tiago assumiu a fé de forma destemida e aceitou testemunhá-la até às últimas consequências (Act 12,1-2). Sendo originário da Galileia, S. Tiago terá aceitado o desafio de partilhar com outros povos o tesouro da fé: segundo a tradição, teria vindo até à Península Ibérica, para evangelizar, tendo desenvolvido actividade sobretudo na Galiza e na zona hoje correspondente a Aragão. Assim, S. Tiago foi um autêntico explorador, na medida em que aceitou pôr-se a caminho, guiado pela «estrela» da fé que o animava e fortalecido pelo desejo insaciável de a dar a conhecer. Mesmo sem saber que dificuldades iria encontrar, S. Tiago partiu com o intuito de apontar, também aos outros, o caminho para a «Terra Prometida». O caminho para Deus.
Contam as antigas tradições que o corpo de S. Tiago foi trasladado para a Galiza. Em 813, um ermitão viu brilhar uma estrela em Iria e o bispo Teodomiro descobriu as relíquias no que chamam o Campo da Estrela (Compostela). A partir de então, este Apóstolo protegerá Espanha e pelo “caminho de Santiago” acorreram (e continuam a acorrer) peregrinos de toda a cristandade.
São Jorge
Patrono dos Exploradores da Expedição 105
No livro escutismo para rapazes, Baden Powell referiu-se aos Cavaleiros da Távola Redonda, à Lenda do Rei Artur e a São Jorge que era o seu santo protector. B.P. disse:
“São Jorge é também o patrono de todos vós, escuteiros, em qualquer lado onde estiverdes. Por isso todos vos devereis saber a sua história, pois São Jorge é um exemplo sempre vivo do que um escuteiro deve ser. Quando ele enfrentava o perigo ou situações temerosas, quanto mais difíceis elas pudessem ser, mesmo na forma de um dragão – ele nunca as evitava ou tinha medo. Enfrentava-as sim, com todo fervor sem procurar descanso. É esta exatamente a forma com um escuteiro deve enfrentar uma dificuldade ou um perigo, não importando o quão grande e terrífico ele possa parecer. O escuteiro deverá enfrentá-lo com confiança, usando todas as suas forças possíveis e ultrapassando-se a si próprio. Provalvelmente terá sucesso”.
Dia 23 de Abril é dia de São Jorge e nesse dia , os escuteiros deverão lembrar-se da sua promessa e da lei de escuta. Não que um escuteiro a deva esquecer nos outros dias, mas o dia de São Jorge é um dia especial para reflectir sobre ela.
Pensa-se que São Jorge tenha nascido na Capadócia, Ásia Menor, e tenha vivido no tempo do Imperador Romano, Dioclétio (245-313 d.C.)- Filho de um homem que morreu pela Fé, fugiu com a mãe para a Palestina, onde se expôs à cultura romana. Tornou-se então um cavaleiro de elevado grau hierárquico na Legião Romana. Sob ordens do Imperador Romano, recusou-se a perseguir Cristãos, na região onde é hoje a Palestina, sendo por isso preso, torturado e decapitado a 23 de Abril de 303 d.C. Conta-se que ao ser torturado fez o sinal da cruz e todas as estátuas dos Deuses romanos caíram. A imperatriz Alexandra ao ver este milagre, decidiu converter-se sendo posteriormente morta pelo marido.
São Jorge foi canonizado em 494 d.C., pelo Papa Gelásio proclamando-o um daqueles cujo nome “será referido entre os Homens, mas cujos actos serão conhecidos apenas por Deus”.
A lenda de São Jorge é a lenda alegórica do Bem contra o Mal. O próprio nome vem do Grego e significa homem da Terra.
Conta que um dia o nobre cavaleiro São Jorge cavalgou para a cidade pagã de Silene onde é hoje a Líbia, para descobrir um povo atormentado por um dragão que se alimentava com um cidadão por dia. A próxima vítima seria Cleolinda, a filha do Rei. Mas São Jorge combateu o dragão com coragem moral e física, que um escuteiro deve tentar atingir, libertando o povo do seu opressor convertendo-o ao Cristianismo.
À data da fundação do Grupo Júnior 105, hoje Expedição 105, São Jorge Patrono dos Júniores de Portugal, foi igualmente escolhido como Patrono do Grupo Júnior 105. É por isso que somos a ‘Expedição 105 de São Jorge’, ainda que não usemos muito a expressão completa.
São Pedro
Patrono dos Pioneiros do CNE
Apóstolo escolhido por Cristo para presidir à Igreja nascente, São Pedro é tão importante quanto humilde. Foi Deus quem quis tornar forte o que antes era fraco e, apesar das limitações e debilidades humanas deste Apóstolo, quis com ele empreender a obra grandiosa de construção da Igreja de Cristo. Nesse sentido, São Pedro é “pioneiro” de um tempo novo, o tempo da vida “com Cristo”, o tempo das primeiras comunidades que partilharam os ensinamentos do Filho de Deus.
São Pedro é a rocha sobre a qual a Igreja se começou a erguer e, nesse sentido, ele foi, sobretudo, construtor de comunidade. Em seu redor surgiram outros que, atraídos pelo seu testemunho de vida, descobriram a presença do Senhor Ressuscitado na Igreja, Seu Corpo.
São Pedro mostra-nos o sentido comunitário da vida e motiva-nos a pôr a render os nossos talentos, em vista do bem comum, com o sentido último de ajudar a construir na terra o Reino dos Céus.
Santo Agostinho
Patrono dos Pioneiros da Comunidade 82
Aurélio Agostinho, o Santo Agostinho de Hipona foi um importante bispo cristão e teólogo. Nasceu no norte de África em 354 e morreu em 430. Era filho de mãe cristã, e pai pagão. Consequentemente, o maniqueísmo (sistema religioso que une elementos cristãos e pagãos) teve uma influência importante na sua formação.
Santo Agostinho ensinou retórica nas cidades italianas de Roma e Milão. Nesta última teve contato com o neoplatonismo cristão.
Viveu num monastério algum tempo. Em 395, passou a ser bispo, ministrando em Hipona (cidade do norte do continente africano). Escreveu diversos sermões importantes. Em “A Cidade de Deus”, Santo Agostinho combate as heresias e o paganismo. Na obra “Confissões” fez uma descrição da sua vida antes da conversão ao cristianismo.
Santo Agostinho analisava a vida levando em consideração a psicologia e o conhecimento da natureza. Porém, o conhecimento e as idéias eram de origem divina.
Para o bispo, nada era mais importante do que a fé em Jesus e em Deus. A Bíblia, por exemplo, deveria ser analisada, levando-se em conta os conhecimentos naturais de cada época. Defendia também a predestinação, conceito teológico que afirma que a vida de todas as pessoas é traçada anteriormente por Deus.
As obras de Santo Agostinho influenciaram muito o pensamento teológico da Igreja Católica na Idade Média.
Morreu em 28 de agosto (dia suposto) de 430, durante um ataque dos vândalos (povo bárbaro germânico) ao norte da África.
Santo Agostinho é considerado o santo protetor dos teólogos, impressores e cervejeiros. Seu dia é 28 de agosto, dia de sua suposta morte.
Frases e Pensamentos de Santo Agostinho:
– “Se dois amigos pedirem para julgares uma disputa, não aceites, pois irás perder um amigo. Porém, se dois estranhos pedirem a mesma coisa, aceita, pois irás ganhar um amigo.”
– “Milagres não são contrários à natureza, mas apenas contrários ao que entendemos sobre a natureza.”
– “Certamente estamos na mesma categoria das bestas; toda acção da vida animal diz respeito a buscar o prazer e evitar a dor.”
– “Se acreditas no que te agrada nos evangelhos e rejeitas o que não gostas, não é nos evangelhos que crês, mas em ti.”
– “Ter fé é acreditar nas coisas que não vês; a recompensa por essa fé é veres aquilo em que acreditas.”
– “A pessoa que tem caridade no coração tem sempre qualquer coisa para dar.”
– “A confissão das más acções é o passo inicial para a prática de boas acções.”
– “A verdadeira medida do amor é não ter medida.”
– “Orgulho não é grandeza, mas inchaço. E o que está inchado parece grande, mas não é sadio.”
São Paulo
Patrono dos Caminheiros do CNE
Paulo de Tarso, o “apóstolo dos gentios” nasceu na cidade de Tarso, entre os anos 15 e 5 a.C. De acordo com os costumes da sua época, tinha como nomes; Saulo para o mundo judeu e Paulo para o mundo Romano, nome que definitivamente adoptaria quando se converteu ao Cristianismo.
Desde jovem tinha sentido a necessidade de se dedicar ao serviço de Deus e por isso se dirigiu a Jerusalém para estudar a religião com os melhores mestres do seu tempo. O interesse pelas coisas de Deus fê-lo esquecer-se da busca de uma esposa.
Os judeus encarregaram-no da difícil tarefa de eliminar das suas comunidades a doutrina cristã. Paulo dirigiu então a repressão contra os seguidores de Cristo, fazendo-o de uma forma muito dura.
Até esse momento Paulo sentia-se bem e dava graças a Deus porque o havia feito um crente responsável e consequente com os seus princípios. Mas cedo descobriu que os seus méritos e seus serviços não eram o que contavam para Deus; a sua fé não era mais do que um fanatismo humano e a sua segurança de crente, um orgulho dissimulado. Paulo viu-se a si mesmo um pecador, violento e rebelde mas ao mesmo tempo compreendeu que Deus acolhe, entende, perdoa.
Desta maneira, Paulo descobriu um novo caminho baseado em Cristo, transformando-se num instrumento de propagação da igreja. Foi um grande proclamador da palavra de Cristo, trabalho que realizou visitando inumeras cidades e comunidades, convertendo-se num animador constante das mesmas, através das suas epístolas.
Paulo foi um homem sólido, intransigente e impetuoso, e ao mesmo tempo, um irmão, um amigo para os seus companheiros.
Foi um gigante, um homem fora de série, e ao mesmo tempo, um homem como nós, que duvida, vacila, busca, sofre, se encoleriza, protesta contra a doença, contra a injustiça, contra a incompreensão. Um resistente, um homem de acção, mas também um homem de reflexão.
Um atleta que se esforça por ganhar a corrida, custe o que custar, e que nos quer arrastar a nós atrás dele. Um homem de fogo, entusiasta, devorado por uma imensa paixão.
É por todas estas razões e não só pelas suas qualidades de santo, ou de seguidor de Cristo, que o consideramos o nosso modelo de Fé.
Paulo foi pioneiro em ideias como a divulgação da mensagem a todo o mundo e não só ao povo eleito. Além disso foi um caminhante inesgotável, que assumiu pessoalmente a tarefa que propôs aos seus irmãos de comunidade.
Num momento da sua vida viu-se confrontado com dois caminhos: o terreno – que lhe pedia que servisse Roma, perseguindo os cristãos – e o espiritual – que lhe oferecia um caminho cheio de obstáculos e dissabores, mas que lhe dava a oportunidade de fazer uma descoberta do seu próprio interior.
Este último, por sua vez, levá-lo-ía à grande experiência de partilhar com diversas comunidades o encontro com a Fé. A sua virtude foi que, a partir da Fé, foi capaz de denunciar e de actuar, isto é, não se ficou pelo discurso, mas foi um exemplo de compromisso e testemunho com a verdade que pregava.
Para os grupos cristãos a figura de São Paulo adquire uma dimensão e um significado especial pelo seu testemunho de fé. A sua grande força provinha da sua fé num Criador, mas também em si mesmo, na sua própria capacidade de realizar uma missão nesta terra. Com humildade, mas com firmeza, defendeu os seus ideais e tomou o caminho dos homens livres que são capazes de entregar a sua vida ao serviço dos outros.
São Paulo foi o escolhido para ser o patrono da IV secção por a sua vida ser um excelente exemplo de “caminho”. Facilmente se encontram na sua caminhada de anúncio da boa nova as características do caminheiro ideal. Por ter cedo aprendido uma profissão, a de tecelão de tendas, por querer sair de casa para estudar e ser um fiel seguidor da religião em que acreditava…pela grande encruzilhada da sua vida a caminho de Damasco após a qual, iluminado pelo Espírito Santo, escolheu seguir Cristo e anunciar a Boa Nova. Paulo foi um caminhante inesgotável que assumiu pessoalmente o projecto ao qual se propôs perante os seus irmãos cristãos. A sua grande virtude foi a de anunciar e ao mesmo tempo actuar, o que quer dizer que ele não se deixou ficar pelas palavras, mas foi um exemplo de compromisso e testemunho das palavras que pregava.
Santo António
Patrono dos Caminheiros do Clã 58
Santo António nasceu em Lisboa em data incerta, numa casa, assim se pensa, próxima da Sé, às portas da cidade, no local onde posteriormente se ergueu a igreja sob sua invocação. A tradição indica 15 de agosto de 1195, mas não há documento fidedigno que confirme esta data. Tampouco se sabe com certeza quem foram seus pais. Do pai foi dito ser descendente do celebrado Godofredo de Bulhões, comandante da I Cruzada, e da mãe, que descendia de Fruela I, rei de Astúrias, mas tal parentesco nunca pôde ser comprovado. A forma de seu nome de batismo é igualmente obscura, pode ter sido Fernando Martins ou Fernando de Bulhões.
Fez os primeiros estudos na Igreja de Santa Maria Maior (hoje Sé de Lisboa), sob a direção dos cónegos da Ordem dos Regrantes de Santo Agostinho. Ingressando ainda em adolescente como noviço da mesma Ordem, no Mosteiro de São Vicente de Fora, iniciou os estudos para sua formação religiosa. Poucos anos depois pediu permissão para ser transferido para o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, a fim de aperfeiçoar sua formação e evitar distrações profanas, já que era constantemente visitado por amigos e parentes. Coimbra era na época o centro intelectual de Portugal, e ali se deve ter envolvido profundamente no estudo das Escrituras e nos textos dos Padres da Igreja. Nesta época entrou em contato com os primeiros missionários franciscanos, chegados em Portugal em 1217, e que estavam a caminho do Marrocos para evangelizar os mouros. Sua pregação do Evangelho no espírito de simplicidade, idealismo e fraternidade franciscana, e sua determinação missionária, devem ter tocado o sentimento de Fernando. Entretanto, uma impressão ainda mais forte ocorreu quando os corpos desses frades, mortos em sua missão, voltaram a Coimbra, onde foram honrados como mártires. Autorizado a juntar-se a outros franciscanos que tinham um eremitério nos Olivais, sob a invocação de Santo António do Deserto, mudou seu nome para António e iniciou sua própria missão em busca do martírio.
Por essa altura, decidiu deslocar-se ele também a Marrocos. No regresso, uma forte tempestade arrastou o barco para as costas da Sicília, onde encontrou antigos companheiros. Ali ficou até à primavera de 1221, dirigindo-se com eles então para Assis a fim de participarem do Capítulo da Ordem – o último que seria feito com a presença do fundador . Em Assis encontrou-se com São Francisco de Assis e os seus primeiros seguidores, um evento de grande importância em sua vida. Sendo designado para um eremitério em Montepaolo, na província da Romagna, ali passou cerca de quinze meses em intensas meditações e árduas disciplinas.
Pouco depois aconteceu uma ordenação de frades em Forlì, quando deixou o isolamento e para lá se dirigiu. Até então os franciscanos não sabiam de sua sólida formação, mas faltando o pregador para a cerimónia, e não havendo nenhum frade preparado para tal, o provincial solicitou a António que falasse o que quer que o Espírito Santo o inspirasse. Protestou, mas obedeceu, e dissertando para os franciscanos e dominicanos lá reunidos de forma fluente e admirável, para a surpresa de todos, foi de imediato destinado pelo provincial à evangelização e difusão da doutrina pela Lombardia. Recebendo a aprovação para a tarefa pastoral do próprio Francisco, fixou-se então em Bolonha, onde se dedicou ao ensino da teologia na universidade e à pregação. Deslocando-se em seguida para a França, ensinou nas universidades de Toulouse e Montpellier, passando também por Limoges.
Em 1227 foi indicado provincial da Romagna e passou os três anos seguintes pregando na região, incluindo Pádua, para audiências cada vez maiores. Nesse período colocou por escrito diversos sermões. Em 1230 solicitou ao papa dispensa de suas funções como provincial para dedicar-se à pregação, reservando algum tempo para a contemplação e prece no mosteiro que havia fundado em Pádua. Sempre trabalhando pelos necessitados, envolveu-se também em questões políticas, a exemplo de sua viagem a Verona para pedir a libertação de prisioneiros guelfos feitos pelo tirano gibelino Ezzelino, e em 1231 persuadiu a municipalidade de Pádua a elaborar uma lei que impedia a prisão por dívidas se houvesse a possibilidade de compensação de outras formas.
Pouco depois da Páscoa de 1231 sentiu-se mal, declarou-se hidropisia e ele deixou Pádua para dirigir-se ao eremitério de Camposanpiero, nos arredores da cidade. Seus companheiros ergueram-lhe uma cabana no alto de uma árvore, onde permaneceu alguns dias. Percebendo que a morte estava próxima, pediu para ser levado de volta a Pádua, mas apenas tendo alcançado o convento das clarissas de Arcella, subúrbio de Pádua, ali faleceu, em 13 de junho de 1231. As clarissas reclamaram seu corpo, mas a multidão acabou sabendo de seu passamento, tomou-o e o levou para ser sepultado na Igreja de Nossa Senhora. Sua fama de santidade era tamanha que foi canonizado logo no ano seguinte, em 30 de maio, pelo papa Gregório IX. Os seus restos mortais repousam desde 1263 na Basílica de Santo António de Pádua, construída em sua memória logo após sua canonização. Quando sua tumba foi aberta para iniciar o processo de translado, sua língua foi encontrada incorrupta, e São Boaventura, presente no ato, disse que o milagre era prova de que sua pregação era inspirada por Deus. E incorrupta está até hoje, em exposição na Capela das Relíquias da Basílica. Foi proclamado Doutor da Igreja pelo papa Pio XII em 16 de janeiro de 1946 e é comemorado no dia 13 de junho.