Clã – Caminho de Santiago

11 de Agosto de 2015 - 23H08M - por Pro

A peregrinação a Santiago de Compostela é, desde há muito, um sonho que o Clã tem tido, mas que ainda não tinha sido concretizado. Este ano prometeu ser diferente!

A escolha da caminhada final, em Clã, foi a peregrinação a Santiago e, desde logo, houve grande motivação para levar, desta feita, a actividade avante.

Esta caminhada final seria o culminar de um ano em que o Clã tentou ter um ano mais vivido na Fé e na vivência espiritual de cada um e apreender mais sobre a vida Cristã.

A preparação começou cedo e foi-se fazendo Sábado após Sábado, com o esforço de cada um e com uma alegria enorme, sonhando com a fantástica experiência que iriamos ter. Finalmente o dia chegou! 1 de Agosto de 2015 – 4 Caminheiros – Bernardo, Gustavo, Catarina e Adriana e 2 dirigentes, Miguel e Pró, iniciaram a sua actividade rumo a Santa Apolónia para uma viagem de 3h até ao Porto. De seguida a ligação para Valença para o ponto inicial da nossa peregrinação.

Em Valença, deixámos a estação para trás e fomos em busca do “Albergue S. Teotónio”. Depois de nos instalarmos, fomos visitar um pouco desta cidade que nos acolhe, descobrindo os recantos da fortaleza, casas, pessoas e uma vista espetacular sobre o rio Minho, e Tui do lado de Espanha. Foi um dia de preparação para os dias que seguiriam.

Os dias tinham uma dinâmica muito parecida entre eles: acordar às 6h, preparar mochilas e coisas pessoais, pequeno almoço e… Antes da partida a oração de início da etapa bem como o lançamento do tema do dia, composto por um texto e algumas perguntas para uma reflexão durante o dia.

A partida dava-se às 7h em ponto. Como o caminho se faz a caminhar, toca a andar… andar… andar… Durante o caminho dedicámos alguns momentos para a oração rezando, uma de cada vez,  dezenas do terço. Por volta das 12h a paragem para o almoço, para repor mais substancialmente as energias e também para dar um pouco de descanso aos pés e pernas, porque a seguir… andar, caminhar, andar…Até se avistar o Albergue… A chegada variava, consoante a distância, mas antes das 15h encontrávamos o “descanso do guerreiro”.

Já no Albergue era tempo de cuidar e tratar dos pés, das pernas e da cabeça, sempre como primeira prioridade… mas só depois de uma merecida banhoca quentinha que sabia muito bem.

O toque das 18h significava hora de começar a preparar o jantar, e lá estava pronto o cozinheiro de serviço, o Bernardo, a confecionar a refeição que reporia as forças dos corajosos peregrinos. Mas, depois de jantarmos… toca a lavar a loiça e a cozinhar o almoço do dia seguinte para colocarmos nos nossos “Tupperwares”… “Tão organizadinhos!… Incrível!…” foram alguns dos “piropos” que ouvimos…

Agora era o tempo dedicado à partilha, onde debatemos o tema do dia, tentámos responder às perguntas que nos eram propostas e partilhámos as experiências e vivenças que o dia ia nos dando. Por volta das 21h00/21h30 era hora de dormir.

Assim foram os nossos dias, com maior ou menor esforço, cada um ia dando o seu melhor… Dores nas pernas, bolhas nos pés, dores causadas pela mochila pesada, e a cabeça já um pouco cansada, era o que ia aparecendo aos poucos e poucos… Mas, no final do dia, tudo isso, se transformava numa alegria enorme por termos acabado mais uma etapa, por termos aguentado e nunca desistido, sempre com um espírito de grande união e amizade que fazia com que cada um ajudasse o outro.

Outro grande aspecto que dava um alento ainda maior foi o próprio caminho: repleto de paisagens espectaculares e a beleza da natureza que nos transmitiam uma paz e calma propicias a estarmos sozinhos com Deus.

Existem diversos caminhos rumo a Santiago. Aquele que percorremos foi o “Caminho Português”. Iniciámos em Valença. Foram 5 etápas: Valença-Mós (28Km), depois Mós-Arcade (17Km), Arcade-Portela/Barro (22Km), Barro-Pontecesures (27Km), e por fim Pontecesures-Santiago (30Km).

Poder-se-à dizer que o caminho “standard” seriam 6 etapas, com paragens nas principais localidades. Optando pelas 5 etapas conseguimos ficar em albergues alternativos. Em Agosto a quantidade de peregrinos esgotou rapidamente a capacidade dos principais albergue e desta forma fomos conseguindo ter sempre lugar…Pelo caminho passámos por localidades grandes e bonitas como Porriño, Redondela, Pontevedra, Caldas de Reis e Padrón. Não era fácil nos perdermos pois bastava apenas seguir as setas amarelas e acompanhar as distâncias nos diversos marcos colocados pelo caminho… o resto era connosco… dar corda aos sapatos…

A chegada a Santiago foi diferente da esperada, depois de um caminho calmo, com uma paisagem refrescante e nada para nos atrapalhar, chegámos a uma cidade repleta de pessoas, peregrinos, turistas, locais… uma grande confusão e um sentimento de consumismo, trazendo-nos de volta à lufa-lufa do dia-a-dia das cidades. No entanto o nosso objectivo estava cumprido e tínhamos alcançado a “terra prometida”. Desta feita instalámo-nos no Albergue para Peregrinos – o Seminário Menor de Jesuítas de Santiago.

Fomos ao encontro daquela que é um dos pontos chaves da cidade, a Catedral. Ela que é soberba em todos os aspectos. Depois disso houve oportunidade de passear conhecer os cantos à cidade, fazer algumas compras e relaxar um bocado. Nessa noite a horas de dormida foi um pouco mais flexível já que a hora de acordar o permitia…

No dia seguinte fomos participar na celebração eucarística dedicada ao peregrino, na Catedral seguida por uma das grandes tradições da altura o Bota Fumeiro. Foi uma celebração sentida e cheia de significado para os muitos peregrinos ali presentes e em especial para nós!

Depois houve tempo para umas últimas voltas antes de apanharmos o comboio com destino a Valença, ao ponto  de partida… Mas não, não foi para voltarmos a fazer o caminho! Foi apenas para iniciarmos a nossa viagem de regresso a casa. Pernoitarmos, novamente no Albergue de S. Teotónio, em Valença e no dia seguinte voltámos a casa.

Foram 130Km, muitas subidas e descidas… dores, bolhas… foi um caminho espectacular, mas melhor ainda, um espírito de grupo admirável, uma grande partilha de valores e uma procura interior de cada um e de Deus.

E, fica um desafio: Este caminho feito, não será o Fim, mas terá uma continuação, no nosso dia a dia, com todos aqueles que nos rodeiam, a fazer aquilo que aprendemos: Amar os outros e ver Deus no nosso irmão.

Também sublinhar que esta, foi a última actividade do Clã este ano, e também a última de alguns caminheiros que, para o ano, irão fazer a partida para o serviço noutras secções.

O caminho terminou, mas não a vida de Clã, essa apenas está de Férias, sempre á espera de SERVIR.

Por: Bernardo

(adaptado)

 

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